quarta-feira, 31 de março de 2010

Cinema Político: Utopia ou fantasia?




Incentivo para o debate social: o cinema




Na última década houve uma proliferação de filmes que abordavam temas políticos. Fenômeno registrado no Brasil, o cinema com temas políticos teve seu equivalente na Europa e Estados Unidos. Grandes produções, ou filmes de baixo orçamento, exploraram a verborragia utópica de um cinema “verdade”, típico exemplar das décadas de 60 e 70.


A diferença é o senso de nostalgia e, a conseqüente, ‘romantização’ de um ideal de mundo que virou artigo “retrô” da moda ou um símbolo heróico para aqueles que não viveram, mas gostariam de também pegar em armas e fazer as suas “barricadas do desejo” como tão bem salientou o filósofo “top” de 1968, Herbert Marcuse.


Claro, o mundo mudou e estamos em um período em que não sabemos ao certo qual é o caminho para a civilização moderna, afinal toda e qualquer ideologia é contestada por ter um caráter ideológico.



No país das bananas, do samba e do futebol, passamos a adotar como coisa “tão nossa” o produto corrupção e aceitamos indiferente a condição de meros espectadores desse teatro bufão que se instalou em Brasília – atual espelho da deterioração de caráter nacional. Porém, o cinema sempre foi a arte que melhor (e com maior alcance) representa nossa condição humana.


É pela tela grande que ocorre a identificação com o personagem representado, seja como tolos ou inocentes úteis - a tradicional massa de manobra alienada que condena os próprios homens que ao poder foram postos por eles mesmos - ou como os vilões que preferem a omissão, o silêncio e o desdém para todo e qualquer crime cotidiano.


Esses pequenos feixes de ficção acabam denunciando tudo que é real e que se sustenta nos interstícios da vida social. Uma exploração que envolve, de alguma forma, todos os atores sociais numa superestrutura degradante, conhecida, hoje, como sistema político atual.



É inegável que se há interesse do público nas produções políticas é porque precisamos mudar o curso desse sistema que engendramos há vinte anos quando declaramos que só havia uma ideologia e uma realidade aceitável: a do neoliberalismo. Se aceitarmos um modelo regido com base na exploração totalitária da sociedade realizada pelo capitalismo, estamos fadados ao fracasso como civilização. Isso porque esse modelo de mundo, que vende sonhos caros para todos os indivíduos, esvazia o homem numa condição onde o principal fator é o consumismo como religião. Portanto, deve-se pelo buscar através da arte e da cultura, discursos que nos forcem a refletir se não estamos passivos demais para o atual estado do planeta.



Quando se tem um vácuo de intenções e onde o próprio sentido de mudar um planeta, condenado pelos abusos cometidos em nome do progresso e do desenvolvimento (e de todos os slogans positivistas), não gera comoção na maior parte da população mundial, têm-se a esperança que a arte produza a revolução de costumes. Ao homem do século 21 é necessário que reflita sobre seu papel no mundo.




Protagonista de todas as principais tragédias que acomete nossa sociedade, os indivíduos devem ter noção da importância de uma compreensão política além da alienação que o mantém fora da crítica atuante. É vital que se desenvolvam novas ideologias para um novo fazer político, sem mais os interesses que generalizam a política necessária com essa farsa partidária que busca o poder para ter poder de corromper a tudo e a todos.


Décadas de utopia no cinema



Nos anos 60 e 70 usava-se de artifícios como a metáfora para transmitir o discurso contra os aparelhos ideológicos de repressão, seja a escola, a igreja, a polícia e os governantes...



A literatura e o teatro rompiam com paradigmas e contestavam o mundo. A música e o cinema também faziam o mesmo. No campo da sétima arte, tivemos a explosão da Nouvelle Vague francesa que num primeiro momento discutia as relações do cotidiano, para chegar a produções radicais como A Chinesa, de Godard.




Se a obra encontrou eco nas agitações do maio de 68, no Brasil, nem tivemos tempo e força para produzir um cinema que empolgasse a discussão social. Com os militares no poder, o cinema novo – acusado de ser ideologicamente contraditário, visto que era patrocinado com recursos do governo que criticava – lançou obras como Terra em Transe, talvez a maior obra política que o país já tenha produzido, porém com a repressão e a censura voraz, o cinema brasileiro passaria quase vinte anos sobrevivendo com pornochanchadas, chegando à morte no governo Collor.



O público brasileiro ficaria privado de produções nacionais que eram mutiladas ou proibidas e também dos filmes políticos produzidos em outros países. Filmes como Laranja Mecânica, O Conformista, 120 dias de Saló, Último Tango em Paris, Zabriskie Point, If, Giordano Brunno, A Classe Operária vai ao Paraíso, Z, Estado de Sítio, entre outros foram “decapitados” pela censura, ou totalmente proibidos como foi o caso de “Tango” e “Laranja Mecânica”. Algumas obras conseguiram dar seu recado, talvez por ignorância dos censores, tais como Perdidos na Noite, Sem Destino, Cada Um Vive Como Quer e Um Estranho no Ninho.

Se atualmente a palavra revolução soa tão artificial quanto uma propaganda de refrigerante, ainda há como escapar das produções blockbusters que servem apenas como entretenimento fugaz. Com o advento e expansão da internet todos podem ter acesso aos filmes antes proibidos ou “malditos” por não se enquadrarem nas produções de fácil compreensão.




Muitos diretores ao perceber a problemática que envolve nosso tempo atual optaram por um resgate de temas que são feitos para questionar, não apenas o mundo que nos envolve, mas também a nós mesmos que estamos ali, concentrados e bem acomodados perdendo em torno de duas horas da vida real para acompanhar uma “ficção”.



No final dos anos 90 o filme “Clube da Luta” foi um soco no estômago da sociedade mundial que entende que consumir é o melhor e maior dos verbos. Da Europa, alguns filmes como “A Vida Sonhada dos Anjos” questionava o tratamento francês às minorias e “Dogville”, desestruturava, como já havia ocorrido em outros filmes do movimento Dogma 95, a noção de cinema e espetáculo, bem como da sociedade que funciona à base de regras hipócritas.



O filme “Show de Truman” antevia a sociedade do espetáculo e a nossa condição alienante em espiar a vida alheia, como grande modelo de diversão.



Já o genial Bernardo Bertolucci resgatou as revoluções do cotidiano pregadas no Maio de 68 com o belo Os sonhadores (2003), onde as contradições de um mundo reacionário são expostas por um trio de estudantes dispostos a viverem novas experiências. Da Alemanha veio “Adeus Lênin” que trazia humor ao mostrar o desespero daqueles que desejavam manter as aparências de um regime varrido pelo neoliberalismo. “Beleza Americana” destruía todos os mitos americanos, que pela política imperialista passaram a ser nossos mitos culturais também, e tudo veio abaixo antes que as Torres Gêmeas despencassem.




“Jardineiro Fiel”, “Syriana”, “Senhor das Armas”, “Coisas Belas e Sujas”, são exemplos de que a globalização é apenas uma palavra bonita. Fora esses exemplos, eu ainda posso citar obras como “Paradise Now” que apresenta as discussões sempre atuais relacionadas à intolerância no Oriente Médio e o belo “A culpa é do Fidel” que mostra a questão das ideologias radicais no tempo de Guerra Fria.



Do lado brasileiro tivemos marcos como Cidade de Deus e Tropa de Elite, filmes que comprovaram que cinema deve gerar discussão na sociedade. Outro grande motivo para a boa produção brasileira foi a tentativa de resgatar o passado recente que a sociedade insiste em esquecer, no caso os anos de chumbo.




Houve uma série de filmes que tentaram trazer à tona a discussão sobre os abusos cometidos no período de terror que durou vinte e um anos. “Batismo de Sangue”, “Cabra Cega”, “Quase Dois Irmãos”, “Zuzu Angel”, “O Ano em que meus pais saíram de férias”, entre outros.



Contudo, o cinema brasileiro não ficou preso em observar o passado recente. Propostas ousadas e críticas contundentes sobre o país foram produzidas durante a década.



O filme Quanto vale ou é por quilo? de Sérgio Bianchi é um exemplo. A obra que serve como um panorama das indústrias da miséria social discute o passado e o presente do país. O paternalismo político e o sistema escravocrata se misturam com a realidade de falsos interesses da atualidade, onde a criação de Ongs e setores sociais e, os tão aclamados posicionamentos de filantropia, tornam-se pura jogada de marketing político das empresas, uma máscara para novos atos de corrupção.



Outro filme que mexeu com as platéias foi A Concepção.




Pesado em suas cenas e angustiante em sua abordagem, o filme mostra um grupo de jovens burgueses de Brasília entediados com a vida alienada e o vazio existencial. Essa condição faz com que criem um sistema político e social baseado na anarquia e na destruição de todos os valores concebidos pela sociedade.




Além desse filme, trabalhos como Amarelo Manga e Baixio das Bestas também tem um forte conteúdo político. Abordam a crueldade do Brasil, numa denúncia seca e agressiva, mostrando aos brasileiros um país que preferimos não enxergar.



O que deve ser ressaltado é que o cinema político é vital para a compreensão do mundo que muitas vezes se mostra “difícil” de compreender.




Quando somos bombardeados por notícias, muitas sem um aprofundamento necessário ou até mesmo uma abordagem menos rasa em conteúdo, precisamos buscar essa compreensão em livros e filmes.




O cinema é um veículo de comunicação que consegue esse efeito e muitas vezes um filme não precisa ser baseado num “discurso político” para fazer política, afinal estamos sempre fazendo política e devemos ter essa ideia bem centrada para não ficarmos na eterna condição de “rebanho passivo”.

Megadeth em Porto Alegre





O ano de 2010 mal começou e Porto Alegre já pode se gabar do título de “capital do rock” brasileiro.


Em três meses tivemos uma penca de shows para todos os gostos e estilos. Dos medalhões Metallica e Guns, passando por Franz Ferdinand e Dream Theater, a capital dos gaúchos consolidou seu papel como ponto de referência para as turnês gringas que aportam no país tropical.


E não para por aí. A capital ainda terá os alternativos do Placebo; o metal melódico do Epica e os texanos do ZZTop, uma das poucas bandas clássicas do estilo “música para beber-e-brigar”. Tudo isso em poucos meses.

Contudo, as atenções estão voltadas para o show dos norte-americanos do Megadeth. De rivais do Metallica nos anos 80 e 90, a banda de Dave Mustaine provou uma coerência bem maior em sua trajetória do que sua ex-banda, o próprio Metallica.


Com novo disco na bagagem (Endgame) e a volta do baixista David Ellefson, o Megadeth tem tudo para arrebentar cabeças e almas dos headbangers que esperam por esse show por, no mínimo, vinte anos.


O show do Megadeth é dia 26 de abril no Pepsi On Stage.


Albuns de estúdio:
* 1985- Killing Is My Business… And Business Is Good!* 1986- Peace Sells… But Who’s Buying?* 1988 - So Far, So Good… So What!* 1990 - Rust in Peace* 1992 - Countdown To Extinction* 1994 - Youthanasia* 1995 - Hidden Treasures* 1997 - Cryptic Writings* 1999 - Risk* 2000 - Capitol Punishment: The Megadeth Years* 2001 - The World Needs A Hero* 2002 - Rude Awakening* 2002 - Still Alive… And Well?* 2004 - The System Has Failed* 2005 - Greatest Hits: Back to the Start* 2007 - United Abominations* 2009 - Endgame

sábado, 27 de março de 2010

pra começar do começo

Pra começar esse novo espaço (irmão do Baú) já adianto que aqui não vai ter espaço para tantas digressões estilísticas como no outro blog.

Ficarão no “Baú” todos os textos delirantes de prosa e poesia. Aqui será um espaço mais “saudável”. Apenas textos jornalísticos, reportagens, colaborações de outros blogs e sites, ensaios e artigos.

Com essa divisão tudo fica mais “organizado” no meu universo caótico.

Portanto, que faça-se a luz e surja esse zine virtual, o zine do pimenta.